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Gordofobia e pressão estética: qual é a diferença entre os termos?

Gordofobia e pressão estética são totalmente diferentes, mas existem muitas confusões sobre os termos. Bora aprender?

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Gordofobia e pressão estética: qual a diferença?

Sabe aquela famosa que faz de tudo pra emagrecer, mil procedimentos e ainda assim parece não estar satisfeita com o próprio corpo? E pessoas gordas que são julgadas pelo seu tamanho e tidas como preguiçosas e fracassadas? Pois bem, no primeiro caso estamos falando de pressão estética. No segundo, de gordofobia, mesmo que a pressão estética também esteja presente. Ficou confusa? Então vamos aos poucos.

A discussão sobre gordofobia e pressão estética está muito presente nas pautas sobre Corpo Livre, mesmo os dois conceitos sendo novos na mídia. Ambas são opressões fortalecidas pelo sistema em que vivemos. Entretanto, por mais que tenham raízes estruturais, a gordofobia e a pressão estética se divergem em pontos muito importantes. Nem todo corpo sofre gordofobia, mas todos sofrem pressão estética. Porém, como isso acontece? 

Gordofobia é um preconceito estrutural e inviabiliza uma vida digna

Vamos começar pela gordofobia. Além da pressão estética, ela se caracteriza pela aversão e desumanização do corpo gordo, impedindo ele de viver e conviver em sociedade de maneira sadia. Ela atinge apenas corpos lidos como gordos e fomenta o estigma sobre eles em todas as esferas.

A medicina, por exemplo, sempre construiu e reforçou a ideia de que um corpo gordo é sinônimo de um corpo doente. Assim, cria uma atmosfera de “bomba relógio” que não ajuda na relação de cuidado da pessoa gorda com o próprio corpo. As consequências podem causar depressão, fobia social, transtornos alimentares e ansiedade. 

E por que gordofobia e pressão estética geram confusão? Segundo Lindo Bacon, psicólogo e nutricionista da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, “o grande problema de saúde das pessoas gordas é a gordofobia, não é apenas o corpo delas por si só”. O doutor é inclusive uma das principais vozes do Health At Every Size (HAES). O movimento visa aumentar a aceitação corporal e diminuir a obsessão cultural com a magreza. Também promove alimentação equilibrada, atividade física e respeito pela diversidade de formas e tamanhos.

A desumanização impede pessoas gordas de viver em sociedade

A gordofobia, mais do que a pressão estética, gera culpa em pessoas gordas por seus corpos serem como são, deixando de lado fatores genéticos, psicológicos e socioculturais. Esse discurso é muito perigoso, por tirar direitos básicos, como acesso e vestuário.

Passar na catraca do ônibus, sentar em locais públicos com conforto, fazer exames médicos onde os aparelhos comportem seu tamanho são exemplos de falta de acessibilidade. Sem contar com a ausência de roupas e de uma numeração única nas lojas, além do constrangimento de não encontrar o que vestir. Cercadas de ofensas diretas e indiretas, pessoas gordas lidam com situações que pessoas com corpo dentro do padrão não lidam.

Pressão estética age em todos os corpos e dita regras sobre o que é ter um corpo padrão

Diferentemente da gordofobia, a pressão estética atinge a todos. Isso porque a preocupação com a estética e a insatisfação são comuns a todos os tamanhos, gêneros e faixas etárias. Logo, pressão estética é o termo usado para definir a pressão que os padrões enaltecidos na sociedade fazem. Eles são reforçados pela mídia e usados pelo mercado para girar a roda do consumo e da indústria da beleza.

Então quando falamos que a busca pelo corpo perfeito atinge a todos, estamos falando de uma vida dedicada à aparência. Ela atinge com mais força as mulheres, mas os homens não estão livres de sofrer com isso também. Vale lembrar que a cirurgia queridinha do momento, a lipo LAD, começou a ser divulgada com a expectativa de atingir homens que queriam ter os famosos gominhos na barriga. Acabou ganhando as redes sociais com a divulgação da cantora Ludmilla, sua esposa Brunna Gonçalves, as ex-BBBs Flay e Viih Tube, a atriz de 18 anos Giovanna Chaves, entre outras.

Assim, gordofobia e pressão estética são conceitos diferentes. Mas andam lado a lado na sociedade, fazendo com que todo mundo esteja sujeito a “polícia do corpo”, que controla e julga pela estética. Quando falamos de Corpo Livre, buscamos colocar uma lente de aumento em todas essas opressões. Aprendemos a enxergá-las como parte do mesmo problema, com suas devidas proporções. Sofrer gordofobia e sofrer pressão estética não devia fazer parte das nossas vidas, mas, já que é uma realidade, devemos encarar com informação e diálogo.

Foto de capa: Unsplash

Redação Corpo Livre

Somos uma equipe de profissionais e colaboradores empenhados em transformar através da informação e da diversidade. Enquanto veículo, queremos construir uma nova forma de dialogar na internet sobre Corpo Livre!

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