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Gordofobia no Brasil: a realidade da pessoa gorda na prática

A gordofobia está presente em diferentes lugares. No Brasil, casos de preconceito acontecem no esporte, na moda e até no médico. Veja!

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Gordofobia no Brasil: a realidade da pessoa gorda

A gordofobia no Brasil é assunto sério e urgente! Isso porque, na prática, o preconceito contra pessoas gordas aparece em diferentes lugares. Além disso, muitos ambientes não estão preparados para acomodá-las, seja no transporte público, escritórios, restaurantes ou áreas de lazer. A discriminação piora quando elas também são alvos de piadas e de julgamentos.

Vale reforçar que o estigma do peso está ainda muito associado à visão inadequada de que ser gordo é um escolha. Ou seja, bastaria comer menos para mudar a situação. No entanto, isso prejudica não só a autoestima. Também atravessa direitos humanos e sociais, o que é inaceitável nos dias de hoje. Veja alguns casos de gordofobia que já aconteceram no Brasil.

O músico Leo Jaime já foi vítima de gordofobia no balé

O balé mudou a vida do cantor Leo Jaimel, aos 60 anos. No entanto, ao compartilhar nas redes sociais, o músico se deparou com a gordofobia e o machismo.

“Na década de 90, as portas se fecharam para mim em todos os ambientes em que eu costumava trabalhar. A explicação era que eu estava gordo e passando uma imagem decadente. E eu nem era tão gordo assim. Acho que venci este preconceito. (…)Tomara que isto mude um dia. Homens, principalmente, podem ganhar muito dançando”, defendeu.

No Brasil, gordofobia no esporte associa peso à doença e preguiça

No esporte, a gordofobia também é muito presente. Isso acontece por ainda associarem peso à preguiça. No Brasil, no entanto, existem pessoas dispostas a mudar essa ideia. É o caso da jogadora de basquete Ellen Valias, dona do perfil Atleta de Peso.

“O que eu sempre quis foi quebrar o estigma de que a pessoa gorda é doente, preguiçosa, que não se cuida. A maioria acredita nisso, é o que gera a gordofobia. O esporte está sempre relacionado a estética, a emagrecimento, a punição, a sofrer. A gente tem que entender que o exercício físico tem vários benefícios para o corpo”, destacou ao Universa. 

Gordofobia na moda: faltam boas opções de peças plus size no Brasil

Na moda, a gordofobia é ainda mais evidente. Isso porque comprar roupa pode ser uma experiência desgastante para a pessoa gorda. Mesmo que ela seja bem resolvida com seu corpo, pode encontrar dificuldades em achar roupas do seu agrado.

Apesar de a moda plus size ter mais representatividade, ainda é grande a falta de opção que atenda à diversidade de corpos. Não só por causa de tamanhos maiores, mas também pela falta de peças mais estilosas e diferenciadas para pessoas gordas.

Saiba o que é gordofobia médica e como identificar!

A gordofobia médica também existe e muitos pacientes já foram vítimas de discriminação pelo sistema de saúde. Isso acontece quando um médico presume, sem ao menos fazer um exame, que os problemas do paciente estão atrelados ao excesso de peso ou obesidade. 

Além disso, não investigar as queixas, passar dietas e exercícios e oferecer remédios para emagrecer também são exemplos de gordofobia médica. Em casos mais absurdos, o profissional até sugere uma cirurgia bariátrica.

Casos de gordofobia no Brasil: “Pessoas morrem por não terem o mesmo cuidado”

Um vídeo publicado pela Alexandra Gurgel aborda sobre isso. Primeiramente, ela alerta sobre os perigos da gordofobia médica, que podem levar à morte. Além disso, também conta que muitos pacientes sequer procuram ajuda profissional por medo de preconceito.

“Já deixei de ser tratada inúmeras vezes por ser gorda. Pessoas gordas morrem por não terem o mesmo cuidado médico. O peso delas pesa mais no olhar do médico. Nem todos os médicos são assim, mas poucos são os que não são. Se você nunca passou por isso é privilegiada e, provavelmente, magra”, disse.

Planos de saúde mostram resistência com pessoas gordas

Muitos planos de saúde não oferecem cobertura ou têm limitações em casos de cirurgia bariátrica. Isso também inclui o preenchimento de vários critérios para os quais existem evidências clínicas limitados ou inexistentes para realizar o procedimento.

Não só no questionário de saúde, mas pessoas gordas também encontram dificuldades em equipamentos hospitalares. Por exemplo, a ressonância, tomografia e o raio-x, fora a falta de preparo de alguns profissionais para lidar com um paciente maior. Sem contar nas macas para parto, cirurgias e até mesmo a dificuldade para ter um plano de saúde sem precisar “mentir o peso”.

Declaração conjunta de consenso internacional quer acabar com o estigma 

A Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos publicou uma declaração de consenso internacional para acabar com o estigma da obesidade. Assim, instituições acadêmicas, órgãos profissionais e agências reguladoras devem garantir que o ensino formal sobre causas e tratamentos da obesidade esteja nos currículos padrões de médicos residentes e demais profissionais de saúde.

De acordo com o documento, publicado em março de 2020, “os profissionais de saúde especializados devem abster-se de usar linguagem, imagens e narrativas estereotipadas que retratam de forma injusta e imprecisa indivíduos com sobrepeso e obesidade como preguiçosos, glutões e sem força de vontade ou autodisciplina”.

Além disso, é preciso fornecer infraestrutura adequada a todos os tipos de corpos. “Dada a prevalência de obesidade e doenças relacionadas à obesidade, a infraestrutura apropriada para o atendimento e o manejo de pessoas com obesidade, incluindo obesidade grave, deve ser um requisito padrão para o credenciamento de instalações médicas e hospitais”, finaliza.

Foto de capa: Pexels

Redação Corpo Livre

Somos uma equipe de profissionais e colaboradores empenhados em transformar através da informação e da diversidade. Enquanto veículo, queremos construir uma nova forma de dialogar na internet sobre Corpo Livre!

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