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Redes sociais: olhe menos para a influencer e mais para o seu redor
Nas redes sociais, os filtros e as fotos “perfeitas” das influencers podem te fazer questionar a própria vida. Mas e se você fosse seu próprio referencial? Leia mais na coluna!
Todos os dias abrimos o celular e damos aquela passadinha ligeira (às vezes nem tão rápida assim, não é mesmo?) pelas redes sociais, onde colecionamos nossos melhores momentos. No Instagram, estão nossas melhores selfies, os looks mais incríveis, os presentes e as viagens que causariam inveja a muita gente.
Não tem a foto da louça suja, mas a do restaurante que está super disputado. Não tem a imagem dos boletos pra vencer, mas a dos ingressos dos festivais que custam quase um salário mínimo. Assim é o Instagram. Assim são as redes sociais hoje em dia.
“Um dia, olhei no espelho e não gostei muito do que vi”
Eu posso apostar que você segue uma dezena ou até mesmo centena de influenciadoras digitais, com suas vidas perfeitas, um guarda-roupa onde não se repete look e muitos stories… com seus devidos filtros. E aposto também que você já se abalou diante de tanta perfeição, mesmo que não tenha percebido. Eu sei, porque já aconteceu comigo mais de uma vez.
Um dia, olhei no espelho e não gostei muito do que vi. Isso porque, mesmo sendo uma defensora há tempos do body positive e tendo lido muito sobre pressão estética e assuntos similares, olhei ali a minha própria imagem e não vi ali a mulher que costumo ver nas redes sociais. Estava odiando o meu nariz. E eu nunca tive problemas com ele! Sério, isso nunca foi uma questão. Mas, de repente, era.
Por isso, catei o celular e logo coloquei meu filtro de Instagram favorito. Percebi algo que eu nunca tinha percebido: que o filtro afinava e empinava meu nariz, para ficar igual de menininha. Fora o preenchimento labial, o blur na pele, os olhos aumentados, as olheiras que desapareceram… Tudo o que, na vida real, custa muito dinheiro.
Filtros nas redes sociais aumentaram buscas por procedimentos estéticos
No mesmo dia que isso aconteceu, um pouco antes, eu tinha justamente visto uma matéria no jornal falando sobre o aumento de rinoplastias durante a quarentena da pandemia. As pessoas haviam aproveitado o tempo que teriam sem muito contato social para remodelar os narizes. Alguns casais fizeram juntos, inclusive.
Assim também foi com lipoaspirações, especialmente a da modinha, a Lipo LAD. E um detalhe importante que me chamou a atenção nos personagens da reportagem era que, ao meu ver, ninguém precisava entrar na faca.
Meninas magras fazendo grandes e perigosas intervenções para ficarem mais magras de um jeito que só o Photoshop deixa. E você que agora me lê já deve também ter se deparado com matérias cada vez mais frequentes falando sobre procedimentos estéticos que deram errado, desde botox no rosto até a tal da lipo que garante os gominhos da barriga de tanquinho.
“E esse não é o único investimento das influencers para aparecerem fascinantes”
Uma rinopastia parte de 11 mil reais. Uma lipoaspiração parte de 20 mil. Isso é só o piso de orçamento, porque ainda existe gente que escolhe o seu cirurgião pela grife dele.
E esse não é o único investimento das influencers para aparecerem fascinantes num post. Vai colocando na ponta do lápis quanto custa preenchimento labial, botox, lente para os dentes, depilação definitiva, massagens modeladoras, megahair (mesmo elas jurando que o que faz crescer o cabelo é balinha cor-de rosa) e mais os melhores produtos de maquiagem, skincare e cosméticos (de preferência importados).
Muitas dessas influencers possuem equipes inteiras que custam muito dinheiro: maquiador, stylist, cabeleireiro, nail designer, fotógrafo, retocador de imagens.
“Por que buscar inspiração e referência apenas nas redes sociais?”
Quantas pessoas ao seu redor possuem todos os discursos à disposição? Quantas pessoas incríveis te rodeiam, mesmo sem preencher um padrão de beleza? Por que você não se inspira nessas pessoas, mas se prende ao que é praticamente inalcançável? Por que buscar inspiração e referência apenas nas redes sociais?
Eu tenho me colocado muito essas questões ultimamente. E é importante estar alerta e se fazer essas perguntas sempre. Também talvez uma ainda mais importante: e se você fosse seu próprio referencial?
Foto de capa: Pexels