Corpo
Transtorno alimentar: o que não dizer para quem sofre com o distúrbio
Se já é inapropriado comentar sobre o corpo de alguém, para quem sofre transtorno alimentar, algumas frases podem reforçar ainda mais os distúrbios.
Quem passa por um transtorno alimentar precisa de ajuda em muitos níveis. Isso porque o distúrbio vai além da insatisfação com a aparência: trata-se de uma relação doentia com a comida que pode se desenvolver de diferentes maneiras, como anorexia, bulimia, vigorexia, entre outras.
Por outro lado, quem não passa por transtorno alimentar ou não faz ideia do que seja isso pode não entender a gravidade de uma frase, um comentário ou um comportamento que parece inofensivo, mas que pode trazer consequências graves para quem precisa de ajuda. Alguns filmes e séries falam sobre o assunto e podem ajudar, mas se liga nos discursos mais comuns que devem ser evitados para não reforçar esses transtornos.
1) Não elogie quando a pessoa emagrece: ela pode estar passando por transtorno alimentar
A cultura da magreza é tão enraizada na sociedade que faz as pessoas acreditarem que “magra” é elogio, quando na verdade não é. Ser magra pode ser apenas uma questão genética, ou mesmo consequência de uma doença. Mas ela também pode estar relacionada a um quadro depressivo, a um luto ou a um transtorno alimentar.
Existem muitos motivos que levam uma pessoa a emagrecer e, por isso, se você não faz ideia da história de vida dessa pessoa, é extremamente insensível fazer elogios a um corpo que pode estar doente. Em outros casos, esse tipo de “elogio” também pode incentivar alguém a não procurar ajuda quando ela mais precisa.
2) Evite comentar sobre o quanto alguém engordou
Se dizer que alguém está magra não é elogio, comentar quando alguém engorda não é a melhor “dica de amiga”, né? Até porque essas “críticas” dificilmente carregam um tom de preocupação com a saúde do outro, como se costuma defender por aí, mas apenas reforçam padrões estéticos e a gordofobia.
Assim como alguém pode emagrecer por diferentes razões, engordar pode ser simplesmente parte do biotipo real de uma pessoa. Além disso, também pode estar atrelada a fatores mais sérios, e comentários sem fundamento não ajudam em nada. Pelo contrário, a gordofobia marginaliza a pessoa. Se for o caso de algum transtorno alimentar, por exemplo, sofrer um comentário como esse pode deixar alguém mais doente.
3) Não critique o corpo de uma pessoa se você não sabe se a causa é transtorno alimentar
Se você notou que alguém emagreceu, engordou ou qualquer outra coisa relacionada ao corpo do outro, certamente essa pessoa também já percebeu. O problema, mais uma vez, está relacionado ao desconhecimento sobre a vida de alguém e à forma de se comunicar, sem qualquer tipo de filtro.
Isso é muito comum nas redes sociais, em que muita gente se acha no direito de elogiar e de criticar qualquer pessoa que seja “pública”, como se elas não vissem nada disso. Daí, podem surgir comentários fofos e inspiradores, mas também discursos de ódio que podem desencadear ou mesmo reforçar transtornos, inclusive alimentares. Existem pessoas do outro lado da tela e muitos parecem esquecer esse detalhe.
4) Não incentive a pessoa a comer mais quando ela diz que não quer
“Vai comer só isso?”, “ah não, come só mais um pouquinho”, entre outras frases, parecem inocentes e uma forma de ajudar. Mas para quem já teve uma relação problemática com a comida ou com o próprio corpo, são verdadeiros gatilhos.
Por isso, é muito importante ter cuidado e sensibilidade ao incentivar alguém a comer mais, quando a pessoa já disse que não quer. Você pode sim oferecer mais pouco de comida, perguntar se a pessoa quer comer mais. Se ela disser que não, respeite.
Nem sempre as pessoas sabem lidar ou agir com alguém que está passando por algum transtorno alimentar. Muitas vezes, elas sequer sabem que uma pessoa está com um determinado tipo de corpo por conta de uma doença. Mas uma coisa é certa: o corpo do outro não diz respeito a ninguém. Existem outras formas de elogiar e de expor a opinião sem precisar ser ofensivo.
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