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Doença do silicone: o que é, sintomas e tratamentos indicados
Colocar silicone envolve riscos, como qualquer cirurgia. Porém, relatos sobre a doença do silicone estão cada vez mais comuns. Afinal, o que é isso?
Colocar ou não silicone é uma escolha pessoal. Porém, é importante saber que, assim como qualquer outra cirurgia, o implante envolve riscos. Entre eles, a doença do silicone, que vem chamando a atenção de pesquisadores, médicos e de mulheres que relatam sintomas bem semelhantes após terem feito a operação. Mas, afinal, o que é a doença do silicone? Como identificar? Quais são os sintomas? Como tratar as complicações decorrentes do implante mamário?
A doença do silicone é um conjunto de sintomas decorrentes da prótese
No Brasil, o silicone é a cirurgia mais procurada entre as mulheres, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). No entanto, apesar de ser considerado seguro, ainda pouco se fala sobre os riscos da intervenção estética, que existem. Entre eles, está a doença do silicone, que comporta uma série de sintomas potencialmente desencadeados pelo implante mamário.
Os mais comuns são cansaço excessivo, depressão, insônia, alteração do funcionamento do intestino, dor nas articulações e queda de cabelo. Muitas mulheres também relatam sentir os olhos e a boca secos, problemas nas articulações e até lapsos de memórias e concentração.
Médico brasileiro descobre síndrome rara relacionada à prótese de silicone
À frente dos estudos relacionados à doença do silicone no Brasil, está o médico e pesquisador Eduardo Fleury. Ele também coordena a equipe de Imaginologia Mamária do IBCC Oncologia. O médico descobriu uma síndrome rara que está relacionada às próteses mamárias, chamada SIGBIC.
“Existe um leque extenso de complicações, que tentam fragmentá-las. Assim é mais fácil enfrentá-las. Nosso estudo mostra que todas têm a mesma origem, onde destacamos: contratura capsular, doenças sistêmicas, linfoma anaplásico de grandes células, carcinomas e sarcomas mamários (mais raros)”, explica o profissional.
Em seu livro, “A voz do silêncio: quando a ciência é a inimiga. A saga da Doença do Silicone”, o médico conta mais sobre esse estudo pioneiro. Ele explica que a motivação para o trabalho foi o posicionamento oficial do FDA, a agência americana reguladora de medicamentos e saúde.
“O FDA considerou os implantes como equipamentos tarjas pretas. O relatório é muito contundente frente às complicações do silicone, e basicamente está contido no relatório todos os dados da minha pesquisa”.
Eduardo Fleury também destaca que o estudo sobre as complicações causadas pelo silicone não é fácil, já que não existe apoio em pesquisas no Brasil. Pior ainda: quem não sente nenhum sintoma desqualifica quem sofre com os problemas.
“A questão do estudo é muito ingrata. Pois o único interessado nela são as pacientes vítimas das complicações. Não há compaixão das pacientes com implantes e que se consideram assintomáticas com as que sofrem problemas. Geralmente elas desqualificam os relatos”.
O explante de silicone é uma opção, mas ainda é considerado um tabu
Nem todo mundo que tem silicone vai apresentar sintomas ou problemas com as próteses. No entanto, como lembra o cirurgião plástico William Massami Itikawa, nenhum implante é vitalício. Colocar silicone exige manutenções periódicas, ressonância, consultas anuais e trocas, em caso de desgaste ou complicação.
Por isso, o explante é uma opção para quem quer se sentir livre dessas obrigações. Mas o médico alerta: “Dependendo do caso, o explante pode ser uma cirurgia mais cara que a de implante. Importante lembrar que a cirurgia de explante acaba sendo uma consequência de uma cirurgia estética, não havendo assim uma cobertura garantida pelo SUS”.
Apesar das dificuldades e da falta de apoio acadêmico, muitas mulheres que tiveram sintomas relacionados ao silicone estão cada vez mais optando pelo explante das próteses e se sentem mais satisfeitas com o resultado.
“Acredito que esse movimento tem a ver com a aceitação de um corpo natural, orgânico. Com o autoconhecimento e reconhecimento de que mamas naturais podem ser lindas”, conta o médico. “Retirar as próteses de maneira definitiva ainda é um tabu, pois há de ter ainda uma desconstrução de alguns padrões de beleza na cultura brasileira”.
Foto de capa: Unsplash